Na Ucrânia existem três Igrejas Ortodoxas:
Igreja Ortodoxa Ucraniana - Patriarcado de Moscovo , tem 9049 comunidades, a maioria dos quais estão localizadas nas partes central e sudeste.
Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kiev tem 2781 comunidades, um terço das quais funciona no centro e cerca de 10% - no sudeste do país.
Igreja Ortodoxa Ucraniana Autocéfala tem 1.015 comunidades, das quais cerca de 80% operam na parte ocidental da Ucrânia.
Hoje em dia, na Ucrânia existem duas Igrejas Católicas:
Igreja Grego-Católica Ucraniana tem 3317 comunidades, a esmagadora maioria das quais estão localizadas na parte ocidental da Ucrânia.
Igreja Católica de rito Latino tem 807 comunidades, a maioria das quais estão em áreas centrais.
Na Ucrânia também está representada uma igreja “não-calcedoniana", a Igreja Apostólica Arménia.
Uma parte dos fiéis pertence às igrejas protestantes e a outras comunidades religiosas, especialmente aos novos movimentos religiosos não tradicionais. O número de comunidades e de fiéis estão a crescer rapidamente.
A Ucrânia tem uma longa história cristã que remonta ao século X. Hoje em dia, na Ucrânia, há mais de 22.000 comunidades religiosas cristãs. A propaganda ateia soviética foi bem sucedida, muitos ucranianos hoje não são crentes de qualquer igreja. Isto foi causado pelo regime bolchevique na Europa Oriental.
Conversão da Ucrânia Em 988, o Grande Príncipe Volodymyr introduziu o cristianismo no seu rito oriental (bizantino-eslavo) como a religião do estado. Isso aconteceu antes do grande cisma da Igreja que em 1054 dividiu Oriente e Ocidente cristão. A Igreja de Kiev herdou a tradição do Oriente bizantino e foi parte do Patriarcado Ecuménico. No entanto, a Igreja também se manteve em plena comunhão na unidade com Ocidente e seu patriarca latino - Papa.
Pese embora o facto de, entre Roma e Constantinopla ter havido disputas, os bispos de Kiev procuraram preservar a unidade cristã. Enviados do Principado de Kiev participaram nos Concílios da Igreja Ocidental em Lyon (1245) e Constança (1418). O próprio Metropolita de Kiev Isidoro foi um dos iniciadores de Concílio da Florença (1439).
Embora a Metropolia de Kiev trabalhasse para restaurar a unidade, no norte do Principado de Kiev, em Moscovo surgiu uma nova Metropolia. A Igreja de Moscovo recusou-se a reconhecer a união florentina e separou-se do antigo Metropolia de Kiev afirmando a sua autocefalia (governo) no ano 1448. Em 1589, com o declínio da ortodoxia de Constantinopla sob dominação turca, a Igreja de Moscovo ganhou o estatuto de patriarcado.
A União com Roma de 1596 Foi lançado um desafio à Igreja de Kiev pela Reforma protestante e pelo catolicismo pos-tredentino. No entanto, ela sofreu uma grave crise interna. Neste tempo o Sínodo decide-se mudar para a jurisdição do trono romano, preservando as tradições do rito oriental. Este modelo da unidade da Igreja foi estabelecido em 1596 no Concílio de Brest, onde começa a existência institucional da Igreja Grego-Católica da Ucrânia.
Contudo, uma parte da hierarquia Metropolitana de Kiev insistiu no respeito pela ligação ao Patriarcado Ecuménico. Devido à divisão interna, as partes central e oriental da Ucrânia passam para a mão do governador de Moscovo em 1654. Logo a Metrópole Ortodoxa de Kiev passou a estar sujeita ao Patriarcado de Moscovo (em 1686). Com o desenvolvimento do império Russo aumentavam as represálias contra os grego-católicos e a sua conversão forçada à Ortodoxia russa (1772, 1795, 1839, 1876).
O clero e os leigos ortodoxos estavam insatisfeitos com a estreita ligação à Igreja Ortodoxa Russa e ao poder imperial com interesses nacionais da Rússia Grande. Isto levou ao nascimento de um " movimento de ucranianofilia", que, após a Revolução Russa de 1917 se transformou em movimento organizado para a independência da Igreja Autocéfala da Ucrânia, mas as tentativas de proclamação, em 1920 e em 1940, teve uma forte resistência e repressão pelas autoridades soviéticas.
Polacos e austro-húngaros na parte ocidental da Ucrânia No momento de Concílio de Brest todo o território da Ucrânia fazia parte do estado Polaco-Lituano. Ali a Igreja foi o factor mais importante na preservação da identidade cultural e religiosa da população. Com a transição das terras de Oeste para o Estado austríaco, o clero católico recebeu o apoio pleno do governo e patronato da monarquia Habsburgo.
Património totalitário da Ucrânia no século XX A tragédia do século XX - a era do terror e da violência. No séc. XX morreram quase 17 milhões de pessoas de morte violenta na Ucrânia. Especialmente trágico é o facto de estas mortes terem sido causadas não só por guerras e conflitos, mas pelas ideias utópicas da reestruturação do mundo.
A luta contra a religião era a ideologia estatal, para a qual não pouparam esforços. Muitos templos foram destruídos, queimados, profanados, sacerdotes e fiéis ortodoxos e católicos, e de outras religiões, foram presos e deportados para o Gulag siberiano. As Igrejas como tais foram perseguidas e destruídas, como por exemplo a Igreja Ortodoxa Autocéfala no início dos anos 30 ou a Igreja Grego-Católica em 1946. Da Igreja Católica Romana e das igrejas protestantes permaneceu apenas um punhado de comunidades que estavam sujeitas a controlos rigorosos.
Mesmo as actividades da Igreja Ortodoxa Russa (que funcionou como a Igreja do Estado) eram muito limitadas. Além disso sofreu muito por uma penetração nas fileiras dos serviços secretos soviéticos. Na sociedade aprofundou-se a desmoralização. A crise do poder soviético nos anos 80 parou o processo de supressão das Igrejas. Em 1989, saiu do subterrâneo a Igreja Ucraniana Grego-Católica e foram criadas as comunidades da Igreja Ortodoxa Autocéfala. A proclamação da Independência da Ucrânia, em 1991, estabeleceu para as actividades de todas as igrejas o seu novo estado actual no contexto político.
Mais de 97% das comunidades religiosas registadas na Ucrânia são cristãos. Cerca de metade delas são da tradição ortodoxa. O resto divide-se em número igual de católicos e de protestantes. No século XXI, na Ucrânia também estão representados crentes do judaísmo, islamismo e outras religiões.
Igreja Grego-Católica da Ucrânia, herdeira do baptismo de Volodymyr, possui cerca de seis milhões de fiéis, em todas as regiões da Ucrânia e de cinco continentes, é a maior Igreja Católica Oriental (Ecclesia sui juris); mantém o rito bizantino-ucraniano – património litúrgico, teológico e jurídico, está em plena comunhão com o Sumo Pontífice – o Papa e reconhece a sua autoridade espiritual e jurisdicional; procura restaurar a unidade original da Igreja de Kiev, defende firme e consistentemente o direito das pessoas a um estado independente unificado e a formação de uma maturidade da sociedade civil, a execução de um grande número de obras de caridade e de projectos sociais na Ucrânia e no estrangeiro.
O nome de Igreja Greco-Católica foi introduzido pela Imperatriz Maria Teresa, em 1774 para distingui-lo da Igreja Arméno-Católica e da Igreja Católica Latina.
Nos documentos oficiais da Igreja Católica para a Igreja Grego-Católica Ucraniana utiliza-se o termo Ecclesia Ruthena unita. Desde 1960 nos documentos oficiais é mencionado o nome da Igreja Católica para referir os católicos ucranianos na diáspora e os da igreja subterrânea na Ucrânia soviética. No Anuário Pontifício usa-se o nome da Igreja Católica ucraniana de rito bizantino. No Sínodo dos Bispos da Igreja Grego-Católica (Setembro 1999) decidiu-se assumir o título de Igreja Católica de Kiev, que destaca a identidade desta Igreja.
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